A Teologia da Missão Integral
(TMI) é um conceito que vem sendo abraçada por diversas igrejas
evangélicas e que sugere a aplicação dos princípios do Evangelho
em todas as áreas da vida, incentivando o evangelismo que pregue a
Palavra e que ofereça assistência social, psicológica e
espiritual.
A TMI foi tema de uma das edições
recentes do programa Academia em Debate, organizado pela Universidade
Presbiteriana Mackenzie, com apresentação do reverendo Augustus
Nicodemus Lopes e participação dos reverendos e filósofos Jonas
Moreira Madureira e Filipe Costa Fontes.
Em suma, durante o debate,
Madureira e Fontes apontaram uma suposta influência que a TMI
receberia da Teologia da Libertação, conceito surgido há algumas
décadas entre teólogos católicos latino-americanos que visa uma
atenção maior ao oprimido socialmente, e também fizeram ligações
de alguns princípios da TMI com o socialismo e marxismo.
Repercussão
O pastor e escritor Ariovaldo
Ramos, auxiliar da Igreja Batista de Água Branca (IBAB) e um dos
maiores entusiastas da TMI no Brasil, publicou em sua página no
Facebook uma carta aberta aos debatedores, criticando a falta de
profundidade nas considerações sobre o assunto.
“As colocações dos convidados
não elucidaram o tema, suas críticas, de fato, por falta de rigor,
mais pareceram meros ataques, e soaram como opiniões pessoais,
acabando por correr o risco de ter prestado um desserviço ao debate
teológico, sempre tão necessário, principalmente, neste momento da
Igreja brasileira, tão vilipendiada por causa de maus exemplos,
principalmente, midiáticos, e acossada por tantos ventos
doutrinários”, escreveu Ramos.
Segundo Ramos, a única semelhança
entre a TMI e a Teologia da Libertação é o fato de ambas serem
“teologias da Práxis, isto é, reflexões teológicas sobre a ação
da igreja, como propagadora do Evangelho, no cotidiano da sociedade
em que está incrustada”.
Citando o teólogo anglicano John
Stott, Ramos afirma que a TMI deu origem ao conceito do “Evangelho
todo, para o homem todo, para todos os homens”, que é
“compreendido como o poder de Deus para a Salvação de todo o que
crê, assim como o poder de Deus para interferir na estrutura da
sociedade, para dar sobrevida à humanidade, pela promoção da
justiça”, e acrescentou: “Como se pode verificar na irrupção
da chamada modernidade, a era dos direitos humanos, iniludível fruto
do cristianismo”.
O reverendo Augustus Nicodemus
Lopes, mediador do debate sobre a TMI, escreveu uma carta resposta ao
pastor dizendo que em seu escrito, apesar de ressaltar a origem da
TMI, Ramos não tocou “na questão do uso do marxismo, sim ou não,
pela TMI, que é uma das críticas mais feitas ao movimento”.
Lopes também pontuou que o
movimento de reforma protestante já trazia em seu bojo muitos dos
pontos exaltados por John Stott: “Para mim ‘o Evangelho todo para
o homem todo’ encontra uma de suas melhores expressões na
cosmovisão reformada, refletida nas conhecidas palavras de Abraham
Kuyper, primeiro ministro da Holanda e pastor reformado, ‘Não há
um único centímetro quadrado, em todos os domínios de nossa
existência, sobre os quais Cristo, que é soberano sobre tudo, não
clame: É meu!’ Os seguidores desta linha abriram universidades,
hospitais, escolas, abrigos e orfanatos, e se engajaram nas artes,
ciência e academia – o ‘homem todo’, muito antes do surgimento
da TMI”.
Perante o debate provocado pelo
programa e as cartas abertas sobre o tema, o pastor Ariovaldo Carlos
Jr, criador da Bíblia Freestyle, publicou um vídeo com um resumo
explicativo da história e sentido da TMI. Segundo ele, a ideia da
TMI “não é apenas tirar você do inferno, mas tirar o inferno de
você”.
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