4.
A Natureza da Evangelização
Evangelizar
é difundir as boas novas de que Jesus Cristo morreu por nossos
pecados e ressuscitou segundo as Escrituras, e de que, como Senhor e
Rei, ele agora oferece o perdão dos pecados e o dom libertador do
Espírito a todos os que se arrependem e crêem. A nossa presença
cristã no mundo é indispensável à evangelização, e o mesmo se
dá com aquele tipo de diálogo cujo propósito é ouvir com
sensibilidade, a fim de compreender. Mas a evangelização
propriamente dita é a proclamação do Cristo bíblico e histórico
como Salvador e Senhor, com o intuito de persuadir as pessoas a vir a
ele pessoalmente e, assim, se reconciliarem com Deus. Ao fazermos o
convite do evangelho, não temos o direito de esconder o custo do
discipulado. Jesus ainda convida todos os que queiram segui-lo e
negarem-se a si mesmos, tomarem a cruz e identificarem-se com a sua
nova comunidade. Os resultados da evangelização incluem a
obediência a Cristo, o ingresso em sua igreja e um serviço
responsável no mundo.
5.
A Responsabilidade Social Cristã
Afirmamos
que Deus é o Criador e o Juiz de todos os homens. Portanto, devemos
partilhar o seu interesse pela justiça e pela conciliação em toda
a sociedade humana, e pela libertação dos homens de todo tipo de
opressão. Porque a humanidade foi feita à imagem de Deus, toda
pessoa, sem distinção de raça, religião, cor, cultura, classe
social, sexo ou idade possui uma dignidade intrínseca em razão da
qual deve ser respeitada e servida, e não explorada. Aqui também
nos arrependemos de nossa negligência e de termos algumas vezes
considerado a evangelização e a atividade social mutuamente
exclusivas. Embora a reconciliação com o homem não seja
reconciliação com Deus, nem a ação social evangelização, nem a
libertação política salvação, afirmamos que a evangelização e
o envolvimento sócio-político são ambos parte do nosso dever
cristão. Pois ambos são necessárias expressões de nossas
doutrinas acerca de Deus e do homem, de nosso amor por nosso próximo
e de nossa obediência a Jesus Cristo. A mensagem da salvação
implica também uma mensagem de juízo sobre toda forma de alienação,
de opressão e de discriminação, e não devemos ter medo de
denunciar o mal e a injustiça onde quer que existam. Quando as
pessoas recebem Cristo, nascem de novo em seu reino e devem procurar
não só evidenciar mas também divulgar a retidão do reino em meio
a um mundo injusto. A salvação que alegamos possuir deve estar nos
transformando na totalidade de nossas responsabilidades pessoais e
sociais. A fé sem obras é morta.
6.
A Igreja e a Evangelização
Afirmamos
que Cristo envia o seu povo redimido ao mundo assim como o Pai o
enviou, e que isso requer uma penetração de igual modo profunda e
sacrificial. Precisamos deixar os nossos guetos eclesiásticos e
penetrar na sociedade não-cristã. Na missão de serviço
sacrificial da igreja a evangelização é primordial. A
evangelização mundial requer que a igreja inteira leve o evangelho
integral ao mundo todo. A igreja ocupa o ponto central do propósito
divino para com o mundo, e é o agente que ele promoveu para difundir
o evangelho. Mas uma igreja que pregue a Cruz deve, ela própria, ser
marcada pela Cruz. Ela torna-se uma pedra de tropeço para a
evangelização quando trai o evangelho ou quando lhe falta uma fé
viva em Deus, um amor genuíno pelas pessoas, ou uma honestidade
escrupulosa em todas as coisas, inclusive em promoção e finanças.
A igreja é antes a comunidade do povo de Deus do que uma
instituição, e não pode ser identificada com qualquer cultura em
particular, nem com qualquer sistema social ou político, nem com
ideologias humanas.
7.
Cooperação na Evangelização
Afirmamos
que é propósito de Deus haver na igreja uma unidade visível de
pensamento quanto à verdade. A evangelização também nos convoca à
unidade, porque o ser um só corpo reforça o nosso testemunho, assim
como a nossa desunião enfraquece o nosso evangelho de reconciliação.
Reconhecemos, entretanto, que a unidade organizacional pode tomar
muitas formas e não ativa necessariamente a evangelização.
Contudo, nós, que partilhamos a mesma fé bíblica, devemos estar
intimamente unidos na comunhão uns com os outros, nas obras e no
testemunho. Confessamos que o nosso testemunho, algumas vezes, tem
sido manchado por pecaminoso individualismo e desnecessária
duplicação de esforço. Empenhamo-nos por encontrar uma unidade
mais profunda na verdade, na adoração, na santidade e na missão.
Instamos para que se apresse o desenvolvimento de uma cooperação
regional e funcional para maior amplitude da missão da igreja, para
o planejamento estratégico, para o encorajamento mútuo, e para o
compartilhamento de recursos e de experiências.
8.
Esforço Conjugado de Igrejas na Evangelização
Regozijamo-nos
com o alvorecer de uma nova era missionária. O papel dominante das
missões ocidentais está desaparecendo rapidamente. Deus está
levantando das igrejas mais jovens um grande e novo recurso para a
evangelização mundial, demonstrando assim que a responsabilidade de
evangelizar pertence a todo o corpo de Cristo. Todas as igrejas,
portando, devem perguntar a Deus, e a si próprias, o que deveriam
estar fazendo tanto para alcançar suas próprias áreas como para
enviar missionários a outras partes do mundo. Deve ser permanente o
processo de reavaliação da nossa responsabilidade e atuação
missionária. Assim, haverá um crescente esforço conjugado pelas
igrejas, o que revelará com maior clareza o caráter universal da
igreja de Cristo. Também agradecemos a Deus pela existência de
instituições que laboram na tradução da Bíblia, na educação
teológica, no uso dos meios de comunicação de massa, na literatura
cristã, na evangelização, em missões, no avivamento de igrejas e
em outros campos especializados. Elas também devem empenhar-se em
constante auto-exame que as levem a uma avaliação correta de sua
eficácia como parte da missão da igreja.
9.
Urgência da Tarefa Evangelística
Mais
de dois bilhões e setecentos milhões de pessoas, ou seja, mais de
dois terços da humanidade, ainda estão por serem evangelizadas.
Causa-nos vergonha ver tanta gente esquecida; continua sendo uma
reprimenda para nós e para toda a igreja. Existe agora, entretanto,
em muitas partes do mundo, uma receptividade sem precedentes ao
Senhor Jesus Cristo. Estamos convencidos de que esta é a ocasião
para que as igrejas e as instituições para-eclesiásticas orem com
seriedade pela salvação dos não-alcançados e se lancem em novos
esforços para realizarem a evangelização mundial. A redução de
missionários estrangeiros e de dinheiro num país evangelizado
algumas vezes talvez seja necessária para facilitar o crescimento da
igreja nacional em autonomia, e para liberar recursos para áreas
ainda não evangelizadas. Deve haver um fluxo cada vez mais livre de
missionários entre os seis continentes num espírito de abnegação
e prontidão em servir. O alvo deve ser o de conseguir por todos os
meios possíveis e no menor espaço de tempo, que toda pessoa tenha a
oportunidade de ouvir, de compreender e de receber as boas novas. Não
podemos esperar atingir esse alvo sem sacrifício. Todos nós estamos
chocados com a pobreza de milhões de pessoas, e conturbados pelas
injustiças que a provocam. Aqueles dentre nós que vivem em meio à
opulência aceitam como obrigação sua desenvolver um estilo de vida
simples a fim de contribuir mais generosamente tanto para aliviar os
necessitados como para a evangelização deles.
10.
Evangelização e Cultura
O
desenvolvimento de estratégias para a evangelização mundial requer
metodologia nova e criativa. Com a bênção de Deus, o resultado
será o surgimento de igrejas profundamente enraizadas em Cristo e
estreitamente relacionadas com a cultura local. A cultura deve sempre
ser julgada e provada pelas Escrituras. Porque o homem é criatura de
Deus, parte de sua cultura é rica em beleza e em bondade; porque ele
experimentou a queda, toda a sua cultura está manchada pelo pecado,
e parte dela é demoníaca. O evangelho não pressupõe a
superioridade de uma cultura sobre a outra, mas avalia todas elas
segundo o seu próprio critério de verdade e justiça, e insiste na
aceitação de valores morais absolutos, em todas as culturas. As
missões, muitas vezes têm exportado, juntamente com o evangelho,
uma cultura estranha, e as igrejas, por vezes, têm ficado submissas
aos ditames de uma determinada cultura, em vez de às Escrituras. Os
evangelistas de Cristo têm de, humildemente, procurar esvaziar-se de
tudo, exceto de sua autenticidade pessoal, a fim de se tornarem
servos dos outros, e as igrejas têm de procurar transformar e
enriquecer a cultura; tudo para a glória de Deus.
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